top of page

"Rumo ao Mar": A Primeira Formatura Oficial do Unasp

Atualizado: 5 de out.

AUTOR: Francisco Carlos Ribeiro1; Gabriela Borges Abraços2; Emily Kruger Bertazzo3.

A Igreja Adventista do sétimo dia teve seu núcleo inicial em Battle Creek, Michigan, EUA, como parte do reavivamento espiritual dos grupos protestantes da América do Norte. Fundada em 1863, esta denominação cristã protestante se organizou como uma religião, que para além dos impulsos missionários, também investia em diretrizes educacionais específicas e em um modelo de vida saudável. Ainda em solo estadunidense, a Organização Adventista fundou Educandários e Hospitais, com objetivos missionários, a fim de propagarem um estilo de vida segundo as crenças do grupo.


A Igreja adventista chega ao Brasil no final do século XIX, e tão logo instituiu também, seu sistema educacional missionário. Além de oferecer aos alunos um ensino de qualidade, bilíngue, e profissionalizante, os educandários Adventistas também visavam a formação de missionários para a expansão do adventismo no país.


Assim em 1915, a igreja adventista funda o Seminário Adventista de São Paulo, no então distante bairro de Capão Redondo, que na época, era uma região de fazendas e balneários. Esta Instituição educacional confessional tinha o objetivo de formar profissionais para o mercado de trabalho, como também missionários, para trabalharem em outros lugares do Brasil e do mundo. A primeira geração de alunos do ensino superior do Seminário Adventista se formou em 1922.


Desde a fundação do Seminário Adventista, sete anos, sete meses e nove dias haviam se passado, e finalmente chegara o momento da primeira formatura oficial da instituição. Na verdade, em 1918 houve uma formatura de alguns alunos, mas na ocasião o Seminário ainda não oferecia cursos oficializados pelo Governo. Portanto, a honra de serem os “primeiros formandos solenemente constituídos” da instituição coube aos nove jovens estudantes de 1922: Adolpho, Adelina, Domingos, Isolina, Rodolpho, Tereza, Luiz, Alma e Guilherme.


Figura 1: Formatura de 1922.


ree

Fonte: Acervo do Centro de Memória do Unasp. Da esquerda para a direita: Bergold, Adelina, Peixoto, Isolina, Belz, Philonila, Waldvogel, Alma, Denz.


Para celebrar a conquista dos alunos, na manhã do dia 9 de dezembro de 1922, foi realizado um Culto de Ação de Graças dirigido pelo pastor Charles Thompson (1868-1946), na época tesoureiro assistente da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD).


A cerimônia realizou-se num grande pavilhão de lona, armado no lugar onde hoje se encontra o edifício central. Em meio ao sermão levantou-se um pé-de-vento que fez redemoinhar pelo cenário a serragem com a qual haviam forrado o chão (Waldvogel, 1986, p. 75).


À noite, houve a Colação de Grau no mesmo local do culto da manhã. As boas-vindas foram proferidas por Rodolpho Belz, presidente da comissão de formatura. A Guilherme Denz coube falar sobre as perspectivas futuras do grupo. Adolpho Bergold apresentou o tema da educação industrial. Belz, novamente na frente, discursou sobre a ciência moderna e a fé cristã. Domingos Peixoto exprimiu os sentimentos de despedida da turma, e Luiz Waldvogel fez um discurso em inglês. Isolina Avelino, futura esposa de Luiz, escreveu a poesia “Rumo ao Mar”, que, em colaboração com o professor Flávio Lopes Monteiro. Tereza Santos apresentou o tema “A Providência”; Alma Meyer, “O último ano no Seminário”; e Adelina Zorub, “Porque te amo, meu Seminário”. No final da cerimônia, houve uma apresentação musical da orquestra composta pelos formandos.


O futuro demonstrou que esses nove jovens, na medida de suas qualificações, desempenharam um papel importante não só para a comunidade adventista brasileira, mas também para a sociedade em geral. Alguns galgaram posições importantes, outros nem tanto.


A seguir, apresenta-se uma breve biografia desses alunos pioneiros da instituição, com o objetivo de expor sua atuação após a saída da instituição, e assim verificar a contribuição de cada um para sociedade.


Adolpho Bergold (1899-1992)


Adolpho Bergold nasceu em 10 de maio de 1899 na cidade de Indaial, no estado de Santa Catarina, sendo filho de Ernest Bergold (1864-1934) e Ida Fenning Bergold (1870-1955). Seu pai, de formação luterana, era açougueiro em Timbó. Depois que aceitou a mensagem adventista, Ernest decidiu que seus 14 filhos (Paulina, Otto, Rosa, Clara, Adolpho, Elza, Frida, Paulo, Adele, Ernesto, Hugo, Arthur, Alfredo e Gustavo) só estudariam em instituições cristãs. Portanto, em 1918 enviou Adolpho para cursar Teologia no recém-fundado Seminário Adventista, em São Paulo.


Em 1919, Adolpho começou a namorar a aluna Alma Meyer, de origem estadunidense, casando-se com ela no ano seguinte da formatura. Em 1923, foi chamado para trabalhar como gerente da fazenda do Seminário Adventista, função que exerceu de 1923 a 1948. Durante seus 26 anos de atuação, a fazenda do Seminário passou por um processo surpreendente de expansão:


Em pouco tempo, Adolpho conseguiu melhorar a produção agrícola [...]. Em 1922, a Comissão Administrativa autorizou a instalação de uma leiteria e a compra de algumas vacas holandesas, raça famosa no exterior pela alta produção de leite. Essa produção tinha o objetivo de, além de prover atividades manuais aos alunos, prover variedade ao cardápio do refeitório e vender o excedente em Santo Amaro. Esse sistema produtivo era o principal das chácaras da região, já conhecidas por serem provedoras de hortaliças, vegetais e frutas para os comércios santamarenses [...]. Já no final de 1924, o colégio abriu um depósito para vender leite e hortaliças em Santo Amaro, na Rua Campos Salles, n.o 9 [...] (Bertazzo, 2021, p. 76).


Em 1924, a construção da primeira leiteria foi concluída com a capacidade de abrigar 20 vacas. Apresentando instalações modernas para a época, continha escritório próprio, instalações elétricas para o corte mecânico de forragem, estruturas hídricas para higiene mecânica dos animais e um compartimento para bezerros.


Em 1935, Adolpho também decidiu ampliar a produção da pequena fábrica de suco de uva que funcionava no porão de uma das casas da faculdade e que [...] fornecia suco apenas para consumo no campus. Dessa iniciativa, posteriormente a Fábrica de Produtos Alimentícios Superbom viu sua produção se expandir sobremaneira, proporcionando os primeiros empregos industriais da região do Capão Redondo.


No final de 1948, Adolpho Bergold foi chamado para trabalhar na fazenda da Sandia View Academy (SVA), nos Estados Unidos, onde exerceu as funções de administrador da fazenda escolar (1950-1963) e diretor da indústria de laticínios (1954-1960). Devido ao seu dedicado trabalho, Bergold tornou os produtos da SVA famosos na região, fazendo com que houvesse grande busca por eles.


Adolpho Bergold faleceu aos 93 anos, em 28 de outubro de 1992, na cidade de Loma Linda, na Califórnia.


Adelina Zorub (1899-1985)


Adelina Zorub nasceu em 24 de fevereiro de 1899, filha de Elias Thome (1867-1949) e Marta Zorub (1874-1966), ambos de origem libanesa que vieram para o Brasil em 1911. Seus pais, além de Adelina, tiveram mais sete filhos: Alice (1906- 1988), Emmanuel (1912-1981), Rangel, Iracema, Maria, Rosa e Israel (1916-2005). Seu pai foi um pastor adventista pioneiro na Síria, onde foi perseguido por causa de sua fé.


Adelina ingressou no curso de Teologia por determinação de seu pai, como também os seus outros irmãos, com exceção de Rangel, que faleceu precocemente. Após sua formatura, em 1922, Adelina recebeu uma bolsa de estudos para cursar Enfermagem nos Estados Unidos. Especializou-se na área de paralisia infantil e liderou estudos sobre a lepra no Hospital Curupaiti, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.


Ela também foi fundadora do “SOS no Brasil”, instituição criada para o atendimento e a recolocação de mendigos no mercado de trabalho. Com destacada participação na área da saúde pública brasileira, ela foi reconhecida em vida pela comunidade médica de sua geração. Faleceu em 10 de julho de 1985.


Domingos Peixoto da Silva (1898-1980)


Domingos Peixoto da Silva nasceu no dia 12 de novembro de 1898 na cidade gaúcha de São Borja, sendo sua família formada por seus pais Paulino e Virgínia Cândida Peixoto da Silva e sua irmã Isaura. Afrodescendentes, os Peixoto da Silva, desde sua conversão ao adventismo, logo se destacaram no evangelismo no Rio Grande do Sul.


Antes de ir para o Seminário, em 1920, ele cursou o ensino básico em Porto Alegre, participando voluntariamente de atividades evangelísticas ainda na juventude. Para pagar as mensalidades do curso de Teologia, Peixoto se dedicou à colportagem em suas férias escolares.


Peixoto começou seu trabalho como pastor da IASD em 1923 em Minas Gerais e São Paulo. Em 19 de dezembro do mesmo ano, casou-se com Maria Luíza Chagas (1896-1943), sendo que dessa união nasceu sua única filha Virgínia. Após a morte prematura de Maria Luíza, casou-se, em 1944, com Alice Wilfart.


Em 1934, foi chamado para ser professor, voltando, assim, ao antigo Seminário Adventista4 no qual fora aluno para lecionar no curso teológico. No ano seguinte, foi enviado para os Estados Unidos para fazer um curso de aprimoramento acadêmico no Pacific Union College na área de teologia.


Com seu retorno ao Brasil, em 1937, foi nomeado diretor do Ensino Médio do Colégio Brasileiro, e, posteriormente, em 1939, assumiu sua Direção Geral, tornando-se o primeiro brasileiro a exercer esse cargo.


Devido à Segunda Guerra Mundial, Peixoto, com o objetivo de interceder pelos alunos do Colégio em idade de serviço militar, manifestou-se diante da Presidência da República afirmando que os adventistas do sétimo dia não eram covardes, mas sim não combatentes por princípio religioso. Após sua saída do CAB, Domingos Peixoto se tornou um destacado ativista na área de Deveres Cívicos da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil.


Hoje, ao se analisar sua nomeação para a Direção Geral, percebe-se que ela foi muito apropriada para aquele momento histórico devido à sua relação de proximidade com o presidente Getúlio Vargas. Sem se envolver em questões políticas, Peixoto soube usar sua antiga amizade de infância e juventude com Vargas para conseguir a autorização da abertura do curso de enfermeiro-padioleiro e a oficialização dos cursos Científico, Clássico e Normal.


Hoje, ao se fazer essa retrospectiva da história institucional do Unasp, pode-se perceber que a administração de Domingos Peixoto da Silva foi um marco não só da transição da liderança estrangeira para a nacional, mas também da passagem de uma fase de “infância” para a “maturidade” do Colégio. Portanto, a mudança do nome da instituição para Colégio Adventista Brasileiro (CAB) em sua gestão ocorreu em tempo bastante oportuno (Ribeiro, 2021, p. 59.).


Após sua saída do CAB, Peixoto trabalhou como administrador em vários departamentos da IASD, com especial destaque para a Casa Publicadora Brasileira (1949-1950) e, principalmente, para a liderança do seu Departamento de Deveres Cívicos e Liberdade Religiosa (1951-1971). Faleceu em 11 de setembro de 1980, aos 82 anos, na cidade do Rio de Janeiro.


Isolina Alves Avelino (1892-1980)


Isolina Alves Avelino nasceu em 16 de maio de 1892 na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, sendo seus pais Pedro Celestino da Costa Avelino e Maria das Neves Avelino. Sua família possuía uma estrutura de classe média alta que pôde lhe proporcionar uma boa formação cultural. Portanto, diante desse rico ambiente intelectual, Isolina cedo manifestou interesse pelo estudo de línguas, tornando-se fluente em inglês e francês. Autodidata, antes de ir para a escola já era alfabetizada.


Aceitou a mensagem adventista em 1915, tendo sido batizada pelo pastor Emanuel C. Ehlers. Pouco depois, deixou Natal, mudando-se para o Rio de Janeiro. Posteriormente, veio para São Paulo com o objetivo de estudar no recéminaugurado Seminário Adventista. Nele, ao participar dos encontros de “English Table”, conheceu Luiz Waldvogel, com quem se casou em 3 de abril de 1923. O casal teve apenas Heloísa (1925-2005) como filha.


Isolina iniciou a carreira profissional como professora em uma escola paroquial em Santo André, São Paulo. Sua primeira sala de aula, localizada no porão da escola, contava com a frequência de 15 alunos.


Em 1924, foi chamada, juntamente com o esposo, para trabalhar na Sociedade de Tratados Internacionais do Brasil (atual Casa Publicadora Brasileira, CPB), como tradutora, revisora e editora. A partir de 1929, se desligou formalmente da Sociedade para cuidar da educação de sua filha, continuando, porém, a prestar serviços de tradução da própria casa.


Isolina Waldvogel traduziu 17 livros do inglês, francês, italiano e espanhol para o português. Além de livros, traduziu a letra de vários hinos religiosos para as coletâneas Hinário Adventista Brasileiro, Melodias de Vitórias e Louvores Infantis, além de músicas cantadas pelo quarteto do programa de rádio A Voz da Profecia.


Ela também colaborou por vários anos como autora de artigos para as revistas O Atalaia, Juventude e Adventista. Conseguiu também publicar Oferenda, seu único livro de poesias.


Com a aposentadoria, em 1970, ela e o marido se mudaram para a cidade de Hortolândia, localidade próxima a Campinas, SP. Isolina Waldvogel veio a falecer em 6 de julho de 1980, aos 88 anos, na cidade de São Paulo.


Rodolpho Wagner Belz (1898-1978)


Rodolpho Wagner Belz nasceu em 27 de julho de 1898em Gaspar Alto, Santa Catarina, sendo filho de Francisco e Gertrudes Belz. Rodolpho era adventista de uma terceira geração, neto de Guilherme e Johanna Belz, que fizeram parte do grupo de pioneiros adventistas no Brasil (Borges, 2000).


Sua educação formal começou em 1905 na pequena escola adventista de Gaspar Alto. Concluiu o Ensino Fundamental em 1909, e o Ginásio, em 1917. Ingressou no Seminário Adventista por ter sido contemplado com uma bolsa, trabalhando na instituição como secretário, estenógrafo, tradutor de textos em inglês e alemão, alfaiate e tintureiro.


Dois dias após a sua formatura, em 1922, Rodolpho Belz se casou com Alice Chagas. Dessa união matrimonial, nasceram Cláudio, Fábio, Cleyde e Otávio.


De 1923 a 1953, ele exerceu várias funções e atividades na IASD, como evangelista, líder de jovens, professor, pastor distrital, missionário na África e administrador eclesiástico. Em 1954, voltou ao antigo Seminário, agora Colégio Adventista Brasileiro (CAB), para ser professor de História, Inglês, Geografia e Teologia. Também se tornou Diretor Geral da instituição de 1954 a 1957, período em que foram inauguradas as instalações da Escola de Música, hoje conhecida como Academia Adventista de Arte (Acarte), responsável pela forte tradição musical existente hoje no Unasp.


Além do curso de Teologia, Belz se formou em Filosofia pela Escola Superior Paulista de Filosofia (1925). Destacou-se como articulista da Revista Adventista e como autor de vários livros: E então virá o fim (1967), A vida e seus problemas, Focalizando nossa época, Gratos por quê? (1979) e, principalmente, Quando tudo falha, publicado até hoje com sucesso.


Mesmo após sua aposentadoria, em 1972, continuou trabalhando como palestrante, escritor e pregador. Veio a falecer em 12 de janeiro de 1978, aos 79 anos.


Tereza Philonila dos Santos (?-?)


Depois de formada, Tereza Philonila dos Santos trabalhou por 32 anos no magistério primário em pequenas escolas paroquiais adventistas das cidades de Salvador, São Paulo e Vitória, Espírito Santo.Foi pioneira na implantação da Escola Adventista na Bahia entre 1925 e 1936. Após a morte de seu esposo Antônio Assumpção,em 1953, foi morar com os filhos no Rio de Janeiro. Seu filho Antonillo Pereira Assumpção formou-se em 1947 pelo Curso Ginasial do Colégio Adventista Brasileiro. Tereza se aposentou em 1954 (O Adeceano, 1954, p. 60).


Luiz Waldvogel (1897-1990)


O editor, tradutor e escritor Luiz Waldvogel nasceu na cidade paulista de Santa Cruz da Conceição no dia 27 de outubro de 1897. Seus pais foram o suíço Johan Konrad Waldvogel e a brasileira Maria Augusta Maehl Waldvogel. Seu pai, além de comerciante, atuou como juiz de paz, conselheiro municipal e substituto do prefeito da cidade.


Por volta de 1906, aos nove anos de idade, juntamente com seu irmão Leopoldo, tomou interesse pela mensagem adventista do sétimo dia, que sua mãe aceitara dois anos antes. Mesmo com a forte oposição de seu pai às crenças adventistas, Luiz Waldvogel, desde os 11 anos, tomou a decisão de não mais trabalhar aos sábados no armazém de seu pai como também não mais vender bebidas alcoólicas.


Com o falecimento de Johan Waldvogel, em 1915, Luiz decidiu se matricular no Seminário Adventista, custeando seus estudos coma colportagem durante as férias escolares. Entre 1917 e 1919, trabalhou na Sociedade Internacional de Tratados no Brasil como assistente de publicações. Em 1920, voltou para o Seminário Adventista a fim de concluir seus estudos, o que acabou ocorrendo em 1922.


Logo após a formatura, Waldvogel voltou a trabalhar na Sociedade Internacional de Tratados no Brasil, dessa vez como assistente do editor-chefe. Para aprimorar suas habilidades profissionais, passou a assistir, à noite, às aulas particulares de Português, Francês, Alemão, Filosofia e Economia Política.


Em 1934, tornou-se editor-chefe da Casa Publicadora Brasileira, trabalhando também como editor e coeditor dos seguintes periódicos: O Atalaia (1934-1948), Revista Adventista (1934-1963), Rundschau der Adventisten (1934-1938), Vida e Saúde (1939-1948), Review and Herald (1949-1953), Escute (1953-1954), O Ministério Adventista (1954-1960), Notícias (1954-1960), O Colportor Eficiente (1955-1962), Meditações Matinais (1957-1960), Diretrizes (1962), Nosso Amiguinho (1962) e a Lição da Escola Sabatina (1962-1965).


Enquanto escritor, publicou vários livros de teor espiritual, histórico, aconselhamento familiar e poesia: Rastros luminosos (1933), Vencedor em todas as batalhas (1937), Cântaro partido (1939), Matrimônio feliz (1947), A fascinante história do livro (1952), Homens que fizeram o Brasil (1953), Serões de tio Silas (1960), O triunfo sobre a dor (1966), Sabiá na gaiola (1978), Jesus de Nazaré (1981) e Memórias de tio Luiz (1987).


Juntamente com sua esposa Isolina, Luiz foi um dos responsáveis pelos primeiros textos a serem produzidos e publicados pela comunidade adventista no Brasil. Luiz Waldvogel se aposentou em 1965 deixando uma obra literária importante que influenciou muitos leitores ao longo dos anos, vindo a falecer em 11 de agosto de 1990 na cidade de Brasília.


Alma Meyer (1902-1994)


Alma Meyer Nasceu em 29 de setembro de 1902 em Salisbury, Missouri, EUA, sendo filha de imigrantes alemães. Seu pai, Henry J. Meyer (1874-1972), que era pastor, mudou-se com a família para o Brasil em 1911 a fim de trabalhar no evangelismo público da IASD. Após sua formatura, em 1922, Alma se casou em 10 de dezembro de 1923 com Adolpho Bergold, tendo três filhos: Ida, Orlando e Lindolfo. No mesmo ano, ela começou a trabalhar no Seminário Adventista como professora de Matemática, o que fez por 26 anos.


Em 1948, foi com a família trabalhar nos Estados Unidos na Sandia View Academy, localizada no condado de Sandoval, Novo México. Alma lecionou Contabilidade, Gestão Financeira, Caligrafia e Datilografia até 1960.


Após sua aposentadoria, ela e seu marido se mudaram para Pasadena, Califórnia, onde Alma passou a cuidar de seus pais idosos e Adolpho a trabalhar no Hospital Adventista de Glendale, o que fez por mais 21 anos.


Em 1985, Alma adoeceu e começou a ter dificuldades com as tarefas domésticas, e isso a obrigou a ir morar com a filha em Loma Linda. Contudo, em 1991 ela se tornou residente no Linda Valley Care Center, uma casa de repouso também localizada na cidade de Loma Linda, onde veio a falecer em 28 de outubro de 1994, aos 92 anos.


Guilherme Frederico Denz (1900-1986)


Guilherme Frederico Denz nasceu em Serra Pelada, no Espírito Santo, no dia 20 de abril de 1900, sendo filho de Guilherme Denz, imigrante alemão que veio a ser o primeiro adventista batizado no estado do Espírito Santo.


Além de Teologia, Guilherme Denz se formou em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Dedicou sua vida ao magistério em Minas Gerais, no Espírito Santo, na Bahia, em Sergipe, no Rio Grande do Sul e, principalmente, em São Paulo, no Instituto Adventista de Ensino (IAE). Considerado um homem de temperamento simples e bondoso, foi, no entanto, um ardoroso apologista cristão.


Casou-se em 4 de maio de 1940 com a professora Cordélia Brandão de Carvalho Denz (1907-1990), de quem nasceu sua única filha Leilange. Guilherme Denz aposentou-se em 1965, vindo a falecer em 21 de agosto de 1986.


Considerações finais


Comemorar uma data é declarar sua importância para determinada comunidade, que vê nela um suporte fundamental para a preservação de sua história, memória e identidade. Portanto, ao celebrar o centenário da primeira turma de formandos, ocorrida em 1922, o Centro Universitário de São Paulo reafirma a importância histórica como instituição de ensino, sinalizando também que a missão educativa institucional ainda está em vigor mesmo depois de tantos anos de fundação, em 1915.


A primeira formatura oficial forneceu à sociedade um grupo de nove jovens dispostos a trabalhar em diferentes atividades em prol da sociedade brasileira. Eles, com convicções, ideais e habilidades peculiares, procuraram cumprir seu papel da melhor maneira possível, cada um em sua especialidade: Bergold na agricultura, Adelina na enfermagem, Peixoto e Belz na administração, Isolina e Luiz como tradutores e poetas, e Tereza, Alma e Denz no ensino.


Todos souberam ir “rumo ao mar” e chegar à praia com êxito.


Notas:


  1. Doutorado em História (PUC-SP). E-mail: fcr.historiador@hotmail.com

  2. Doutorado em Estética e História da Arte (USP). E-mail: gabiabracos@gmail.com

  3. Mestrado em Culturas e Identidades Brasileiras (USP). E-mail: emily.bertazzo@adventistas.org

  4. A história do Unasp pode ser dividida em cinco fases: Seminário Adventista (1915-1922), Colégio Adventista (1923-1942), Colégio Adventista Brasileiro (1942-1961), Instituto Adventista de Ensino (1961-1999) e Centro Universitário Adventista de São Paulo (2000-). Ver: RIBEIRO, Francisco C. Unasp através dos tempos. In: MENSLIN, Douglas et al. Unasp no tempo: histórias, tradições e transformações. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2021, p. 50-69.


Referências bibliográficas


BERTAZZO, Emily K. Tradições gastronômicas: origens e legados. In: MENSLIN, Douglas et al. Unasp no tempo: histórias, tradições e transformações. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2021.


BORGES, Michelson. A chegada do adventismo ao Brasil. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2000. O ADECEANO. São Paulo: Colégio Adventista Brasileiro, 1954.


RIBEIRO, Francisco C. Unasp através dos tempos. In: MENSLIN, Douglas et al. Unasp no tempo: histórias, tradições e transformações. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2021.


WALDVOGEL, Luiz. Memórias de tio Luiz. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1986.


Observação: Uma versão desse artigo foi publicada na Revista Cordis, com o título original de “Rumo ao mar: 100 anos da primeira formatura de ensino superior no Capão Redondo”. São Paulo, vol. 1, nº 27, 2022.


 
 
 

Comentários


© Copyright - 2025 - Abrhad

Desenvolvido por Carlos Rodrigo Soares

bottom of page